- A idiota olhou para a minha cara, disse qualquer coisa que nem entendi e me deu as costas! - disse ele, agitado, gesticulando.
- E você nem foi atrás? – perguntou o outro, recostado na cadeira, olhar vagueando pelo bar.
- Como assim? Ir atrás dela? Dela?! Cê tá maluco? – quase debruçando-se sobre a mesa.
- Hum... Sei lá... Podia ter ido. Podia ter entendido o que ela disse e... – olhar vago, voz lenta.
- Eu já disse mais de mil vezes: ela não presta! Não presta! – as duas mãos no tampo da mesa, corpo quase arremessado em direção ao amigo de corpo presente.
- É... Disse... – quase voltando do seu alheamento – O que foi que ela disse, mesmo?
- E eu lá sei o que ela disse?! Dane-se ela! – batendo na mesa – O que sei é que ela me traiu! Traiu! Saiu com outro qualquer! Um vagabundo como ela! Devem se merecer...
- Ela disse que o traiu? – pela primeira vez atento à conversa.
- Mas não é isso que estou lhe dizendo desde a hora que entramos aqui? – impaciente, nem acreditando que o amigo mal lhe dera ouvidos – Eu a peguei saindo de um hotelzinho barato. Quando agarrei no braço dela, ficou branca. Branca! E depois não quis me dizer mais nada. Disse qualquer coisa, mas não sei o que foi.
- Acho que ela disse: pergunte a seu amigo. – disse ele, com tranqüilidade.
- Não entendi. – como se, de repente, o ônibus imaginário tivesse freado bruscamente.
- Ela foi me socorrer. – dessa vez, suspirando profundamente, buscando as palavras.
- Socorrer? – tateava o vácuo.
- Eu tinha ligado para você, mas o seu celular não atendia. – continuou ele – Então liguei para ela.
- ...
- Bom, ela veio correndo. Talvez rápido demais. – disse ele meio encabulado – A garota com quem eu estava já estava se recuperando do mal estar, mas...
- E?
- Da janela ela pode ver quando você deixou a sua secretária no apartamento dela. E viu como se despediram. – disse em voz muito baixa – Eu quis segurá-la por lá, mas ela desceu e deu de cara com você, na porta do hotel.
- Que idiota... – resmungou, enterrando os dedos nos cabelos.
- Era o que eu estava pensando... – olhar novamente perdido...
- Que idiota... – também perdido em pensamentos....
10 comentários:
As vezes quando queremos esconder os nossos defeitos realçamos os dos outros mas nem sempre dá certo.
Às vezes o que parece...não é.. Muito Bom!
tolinho....
quanto maior a soberba maior a queda!
adouuuro...rs
bjs
Que idiota... Pensei eu aqui. Cada vez melhor hein! U grande abraço e tudo de bom!
Eu te disse, eu te disse... Tem coisa que é só embalagem...
És uma Bruxa que eu adoro. Nem tens verruga com cabelo, na ponta do nariz ou do queixo.. Adoro te ler.
Ah! tem tantas e tantos idiotas por ai....
(idiotos, também.... deveria ser assim o masculino, não?)
Vamos pedir um novo acordo ao acordo?
Homens bestas.
Quem com ferro fere , com ferro será ferido...
Hahahaha. "IdiotO"... gostei! também deveria ser permitido "medA", "fotA", "motA", "exigentA".
MAS... se não fosse única a palavra idiotA, este conto não teria sido tão genial, como o considero! Ótimo texto, Mirian!!
Realmente uma interpretação pode mudar o rumo da prosa e não ser nada daquilo hahaha
Você é ótima!
Besitos
que idiota .... kkkkkkkkkk
rsrsrss já viu aquela história da vidraça embaçada? Pois é, tem gente que precisa limpar as lentes dos óculos! Muito bom.
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