terça-feira, 31 de março de 2009

LISTINHA



Resolvi fazer uma listinha daquilo que faz mal:

1- Ficar cheia de dores – você se distrai com elas e nem percebe o que está à volta.

2- Comer demais – em todos os sentidos, além de ser... muito bom!

3- Época de provas dos meninos – eles não estudam e eu fico com peso na consciência, porque também nunca estudei e, como eles, ainda tirava nota. É revoltante!

4- Trabalhos escolares dos meninos - é estressante, muito e ainda as porcarias fazem melhor do que eu supunha que pudessem fazer! De última hora, claro...

5- Pensar que, mercado de trabalho, na minha idade, resume-se a concurso público, ou consultora de mães desesperadas.

6- Precisar usar óculos justamente quando engordou o suficiente para cobrir aquelas ruguinhas que detestava.

7- Engordar, mesmo comendo pouco. Eu acho...

8- Conseguir recuperar o seu manequim 40 e... perder novamente todo o guarda-roupa.

9- Ficar um dia inteiro sem os meninos em casa e só ficar sabendo disso na última hora, sem ter nada programado para fazer.

10- Conseguir fazer uma lista babaca desta e achar que ainda está faltando um monte de coisa.

11- Ah, sim! Reler o jornal de empregos e verificar que seria muito interessante se soubesse dirigir, ou pelo menos se dispusesse a isso.

Vou para por aqui... Estou ficando deprimida. Acho que vou tomar café.

sábado, 28 de março de 2009

A verdade sobre as coisas

- Sabe… o mundo sempre foi fácil em caixas. Pegar tudo e guardar, onde eu possa saber o que são e entender a forma como ordenei. O mundo é tranqüilo, nas minhas prateleiras.

O outro homem apenas escutava, caminhando lado a lado pela calçada de pedras portuguesas. Os lábios esforçavam-se no sugar de um canudo, pelos instantes seguintes, o grosso e gelado ovomaltine tentando alcançar-lhe a boca, subindo pelo vácuo.

- É interessante pensar no quanto isso se tornou inconsciente. Quando vejo meu mundo saindo de ordem, preciso de algo que eu POSSA controlar, e isso sim é esquisito.
- Ã-hã.
- É sério, eu me perco totalmente no mundo e parece que eu mesmo fico bagunçado.
- É mesmo…
- Tá pensando no quê?
- Você tava no telefone agora há pouco, marcando coisas pra amanhã como se amanhã fosse sábado.
- E?
- Hoje é quinta.
- …… tá vendo? Estou me perdendo, cara! Daqui a pouco o quê vai rolar?
- Você vai pegar o telefone e remarcar tudo… não é?
- Mas aí ela vai sacar q eu estou tão confuso assim!
- E não está?
- Mas a culpa é dela.
- É?
- Vc não tava me ouvindo?
- ……… Pô, nem com um canudo mais grosso isso aqui é fácil!
- …
- Quê?
- Cada um com seus problemas, acho.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A implosão da mentira


Mentiram - me .
Mentiram - me ontem e hoje mentem novamente .
Mentem de corpo e alma , completamente .
E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente .
Mentem , sobretudo , impune/mente.

Não mentem tristes . Alegremente mentem .
Mentem tão nacional/mente que acham que mentindo história afora vão enganar a morte eterna/mente .
Mentem . Mentem e calam .
Mas suas frases falam .
E desfilam de tal modo nuas que mesmo um cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas .

Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura .
Mas não se chega à verdade pela mentira , nem à democracia pela ditadura .
Evidente/mente a crer nos que me mentem uma flor nasceu em Hiroshima e em Auschwitz havia um circo permanente .

Mentem . Mentem caricatural- mente .
Mentem como a careca mente ao pente , mentem como a dentadura mente ao dente , mentem como a carroça à besta em frente , mentem como a doença ao doente, mentem clara/mente como o espelho transparente .

Mentem deslavadamente , como nenhuma lavadeira mente ao ver a nódoa sobre o linho.
Mentem com a cara limpa e nas mãos o sangue quente .
Mentem ardente/mente como um doente em seus instantes de febre .
Mentem fabulosa/mente como o caçador que quer passar gato por lebre .
E nessa trilha de mentiras a caça é que caça o caçador com a armadilha .

E assim cada qual mente industrial ?
mente , mente partidária ?
mente , mente incivil ?
mente , mente tropical ?
mente , mente incontinente ?
mente , mente hereditária ?
mente , mente , mente , mente .

E de tanto mentir tão brava/mente
constróem um país de mentira -diária/mente.


*Affonso Romano de Sant'Anna

segunda-feira, 16 de março de 2009

CONTO DE M****

Eu estava na cozinha e escutei aquela gritaria. E lá estavam os três garotos, amontoados um em cima do outro, rindo e gritando, sabe-se lá do que!

Daí, Davi grita no ouvido do Marcelo.

-Marcelo, Marcelo! Os Power Rangers não vão ao banheiro!

Todos eles riem muito. Mas daí Arthur completa:

-Pior é a Bela Adormecida! Ficou cem anos! Cem anos sem ir ao banheiro! Já pensou? Cem anos fazendo xixi e coco na cama!

-Credo! Coitado do príncipe! – responde Davi.

Marcelo só ri.

E eu, acabo de ver um conto que eu achava bonitinho virar m****...

*******
Juro que ia colocar outra coisa que não fosse de mãe, mas revirando os arquivos achei este aqui.
Acho que ja estou ficando com saudades dos meus pimpolhos... :)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Absurdos no call center

Ultimamente estou trabalhando na central de atendimento de um grande privado.

Desde do início foi curioso observar o funcionamentop de um call center , ouvir ligações curiosas e logo tive a vontade de apesar de não ser operadora ,ir para a linha.
Fiz bem .

Adquiri respeito profundo ao operador de telemarketing.
Não é nada fácil , nem sonho de ninguém ficar sentado numa P.A 6 horas por dia com um headset puxando mil ligações e ouvindo mil improprérios dos clientes e tendo que cumprir uma meta.É pura pressão.

Esse post é o primeiro de vários que compartilharei com vocês as ligações mais absurdas que já ouvi .

1º situação:

operador: Bom dia! Por favor fulano de tal se encontra?
cliente : mummmmmmmm
operador: senhor meu nome é beltrano eu sou agente de negócios do banco X , o senhor fulano de tal por gentileza?
cliente: mummmmmmmmm
operador: o senhor fulano de tal não se encontra?
cliente: mummmmmmmmm
operador : obrigado pela sua atenção senhor , o banco X agradece , bom dia!

- Esse cliente só poderá ser contactado novamente se o banco oferecer aos operadores um curso de como mugir corretamente , né?!


2º situação:

operador:
Bom dia! Por gentileza a senhora fulana se encontra?
cliente : não , ela não existe mais.
operador: compreendo senhora , ela faleceu?
cliente: não ela não morreu .Só não existe mais.
operador: sim senhora ...a senhora sabe me informar algum número de contato com ela?
cliente : ( gritando) EU JÁ DISSE QUE ELA NÃO MORREU MAS NÃO EXISTE MAIS!!!
operador:obrigado pela sua atenção senhora , o banco X agradece , bom dia!

- Essa ligação me deixou com mil caraminholas na cabeça ... será que a mulher mudou de sexo?
Será que a mulher que me atendeu é ex da outra e a considera inexistente?
Como é que se deixa de existir sem morrer????!!!!
Mistério.....

domingo, 8 de março de 2009

O banco e a padaria

Esta carta foi enviada ao Banco Bradesco, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direcionada a todas as instituições financeiras. Tenho que prestar reverência ao  brasileira(o) que, apesar de ser altamente explorada, ainda consegue manter o bom humor.

CARTA ABERTA AO BRADESCO

Senhores  Diretores do Bradesco,

Gostaria de saber se os  senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua, ou pela existência do  posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria assim: todo mês os senhores, e  todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira, mecânico, costureira, farmácia etc).. Uma taxa que não garantiria  nenhum direito extraordinário ao pagante.

Existente  apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
Por qualquer produto adquirido (um pãozinho, um remédio, uns litros de combustível etc) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até um pouquinho acima. Que tal?

Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade.

Minha certeza  deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho.  O padeiro me atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão, assim como, todo e qualquer serviço..

Além disso,  me impõe taxas. Uma 'taxa de acesso ao pãozinho', outra  'taxa por guardar pão quentinho' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo em seu Banco.

Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os senhores me  cobraram preços de mercado.  Assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pãozinho.

Entretanto, diferentemente do padeiro, os  senhores não se satisfazem me cobrando apenas pelo produto que adquiri.

Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma 'taxa de abertura de crédito'  - equivalente  àquela hipotética 'taxa de acesso ao pãozinho', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco.

Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma 'taxa de abertura de conta'.

Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura da padaria', pois, só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.

Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como papagaios'. para liberar o 'papagaio', alguns Gerentes inescrupulosos cobravam um 'por fora', que era devidamente  embolsado.

Fiquei  com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos gerentes inescrupulosos.
Agora ao invés de um 'por fora' temos muitos 'por dentro':
- Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00.
- Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 'para a manutenção da conta'  semelhante  àquela 'taxa pela existência da padaria na esquina da rua'.
- A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada trimestre -  uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros (preços) mais altos do mundo.
- Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quentinho'.
- Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me atendeu, me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer.

Cordialmente, retribuindo tanta gentileza,  gostaria de alertar que os senhores esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto  estive nas instalações de seu Banco.

Por favor, me  esclareçam uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc e tal. E, ademais, tudo o que estão cobrando está  devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central.

Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem seu negócio  de todo e qualquer risco.
Presumo que os riscos de uma  padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados..

Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam garantidas em lei, voces concordam o quanto são abusivas.!?!

ATENCIOSAMENTE.

 
Put Your Money... de ~chrissatchell no deviantART.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Marcas registradas da vida

Outro dia decepcionei minha mãe. Não naquele sentido que você escolhe não fazer medicina nem direito, não. Foi algo bem mais simplório, dessas coisas q vc nem se dá conta pq faz naturalmente, mas olha pro lado e saca o olhar. Foi um inócuo "me vê um Toddynho e um pão de queijo, por favor", quando deixamos o escritório para um lanche no café do prédio.

Eram aqueles mesmos olhares que me condenavam pela televisão parada no Cartoon Network, pelas pilhas de DVDs de animação japonesa, pelas pecinhas de lego q de vez em quando apareciam espalhadas. E quase o mesmo grau de decepção de quando eu rio assistindo ao Chaves. As meninas do café não questionavam mais o meu Toddynho, já tinham feito graça disso da primeira vez, algum tempo atrás, quando eu pedi e me falaram que só tinha o Nescau Pronto. Claro que eu recusei, aquilo ali é um lixo.

O fato é que aquele olhar foi de um julgamento tal que eu realmente por alguns instantes pensei estar fazendo algo errado. "Na sua idade tomando Toddynho?" Ela nem precisava dizer, eu tinha certeza do que queria me perguntar, ali. A tensão era clara. Por trás daqueles olhos, contabilizava todos os anos pagando por educação privada, colégio caro, cursos de línguas, o eventual esporte (por pilha), faculdade particular... e o cara chega aos 27 um debilóide que toma Toddynho e tem gosto duvidoso para entretenimento televiso enlatado do méxico? Decepção, realmente.

O correto possivelmente seria pedir um café... mas eu tinha acabado de tomar um, no escritório. Talvez uma Coca-Cola? Sei lá, não tava com estômago pra refrigerante, sabe? E não é que o achocolatado me faça bem, mas refrigerante tão cedo? Sei lá, né. Só sei que estava a fim e pedi, não foi coisa de muito raciocínio. Sou do tipo que se a Gilette ainda corta, a Bic ainda escreve e a Xerox tá legível, por quê mudar? Dizer que estou crescendo é válido pra uma coisa só, supostamente? Hábitos alimentares, sério?

Juro que não deixou de ser gostoso. Nem o Toddynho nem o bolo Ana Maria de doce de leite. E além de terem aquele sabor que eu me lembro, ainda trazem o sabor da infância. Síndrome de Peter Pan? Provavelmente, devo mesmo ser seqüelado com isso. Ligar eu não ligo. Mas ali, naquela hora, precisava convencer a progenia que tudo o que ela pagou criou um debilóide pra lá de competente com todo o resto. Tinha que tomar uma atitude.

- Manhê, deixa meu Toddynho em paz!